Conversa franca sobre pureza sexual
Nancy L. Van Pelt
Mônica fora criada num lar cristão com
princípios morais que ela prezava. Quando jovem, começou
a encontrar-se com Andrew. Ele não era cristão, mas como
não havia rapazes cristãos disponíveis para namorar,
ela continuou a vê-lo. Ele era engraçado, interessante e
educado, mas tinha um modo de ser diferente do de Mônica. Eles estavam
se envolvendo em intensas trocas de carícias, com Andrew pressionando-a
cada vez mais. Mônica não gostava desse ponto de seu relacionamento,
mas a fim de conservar o namorado ela decidiu tolerá-lo e ser cuidadosa.
Não demorou muito para que ele a forçasse mais do que jamais
ela presumira que alguém o faria. Uma acentuada amargura, porém,
passou a assediá-la desde então.
O acariciamento é uma força poderosa.
Aqueles que se envolvem nele tendem a formular as próprias regras
de ação, porque poucos conhecem os preceitos corretos. A
troca de carícias é um passo avante dos abraços e
beijos, mas sem atingir o intercurso sexual. Tal atitude deixa uma ampla
margem para a exploração do corpo aberta à discussão,
suposição e negociação.
Quando um homem começa a afagar o corpo de uma
mulher, ele está sondando o terreno. Quão longe ela me deixará
ir? — ele se pergunta. Ele gosta imensamente desse processo de teste,
porque é sexualmente agradável. Sua mente se apressa em
antecipar o que possa estar pela frente. A essa altura ele pode recitar
sua melhor cantada: “Nunca amei ninguém como eu a amo, querida.”
Seus hormônios estão extravasando e ele provavelmente dirá
ou fará qualquer coisa para obter o que deseja.
O enfoque da moça é provavelmente muito
diverso. Ela aprecia abraçar e beijar. E ao render-se aos beijos
e carícias, sua necessidade emotiva de romance, amor e segurança
afetiva é satisfeita.
Espere um minuto!
Envolver-se em tal intimidade fora do casamento, simplesmente
pela excitação do prazer sexual; desfrutar a estimulação
do momento, unicamente para fazer com que você se sinta bem, é
ser extremamente egoísta e centralizado em si mesmo. De igual modo,
permitir que alguém acaricie seu corpo antes do casamento, tão-somente
para se sentir amada e segura, é igualmente um ato de egoísmo.
Isso é especialmente verdade no relacionamento casual, onde o casal
não tem planos de unir-se em matrimônio. Tal ação
desvaloriza o relacionamento. Os riscos são altos e a recompensa
é baixa.
Vamos esclarecer algo. Acariciar não é
“sujo”. Dentro do casamento, o acariciamento é uma bela
experiência, uma natural expressão de amor chamada de preliminar,
e que conduz diretamente ao intercurso sexual. Qual é então
a diferença entre carícia e a estimulação
sexual que precede o intercurso? E seu propósito? O acariciamento
é exploração dos corpos, um do outro, por parte de
duas pessoas solteiras que não pretendem que ocorra o intercurso.
Esse é o problema com o jogo de carícias.
Ele não permanece nisso. Progride naturalmente para as relações
íntimas. Por si mesmo e fora do casamento, é mais frustrante
do que satisfatório. Nossos corpos foram planejados e criados por
Deus para responder ao acariciamento, com despertamento sexual e desejo
de intercurso físico.
Quando um casal de namorados se envolve em acariciamento,
sem intenção de chegar à penetração,
precisa constantemente vigiar para deter-se, com receio de ir longe demais.
Acariciamento e excitação não foram programados para
serem suspensos por comando. Alguém que habitualmente progride
até beijar e acariciar intimamente e então pára,
arrisca-se a possíveis desajustes sexuais no casamento.
O ato de acariciar pode ser comparado ao atravessamento
de uma ponte sobre um grande abismo. De um lado está a cópula
e do outro a ausência de expressão física do amor.
Ao acariciar, você pode estar a um quarto do caminho, em sua metade
ou a nove décimos do percurso. A coisa é tão excitante,
que é fácil você se encontrar do outro lado da ponte
antes mesmo de se dar conta.
A travessia da ponte nem sempre acontece de súbito.
Mas o jogo de carícias é perigosamente progressivo. Cada
nível de excitação apela para o passo seguinte. É
uma força poderosa para os que sentem que sua química sexual
está disparando.
O ajustamento do casal
Os jovens cristãos sempre querem saber: “O
que é certo ou errado antes do casamento?” A pergunta que
fica por fazer é: “Quão longe posso ir e ainda não
pecar?” Há muitas áreas cinzentas para as quais a Bíblia
não provê diretrizes claras. Contudo, descobri algo ao pesquisar
sobre ajustamento de casais, que fornece um excelente fundamento para
a tomada de decisões.
A harmonização de casais foi referida
primeiramente pelo zoologista Desmond Morris, em Intimate Behavior (Comportamento
Íntimo). Contudo, foi uma palestra realizada pelo Dr. Donald Joy
sobre o assunto que abriu meus olhos para sua importância no namoro.
A harmonia entre o casal compreende componentes físicos e também
emocionais, espirituais e intelectuais.
Quatro estágios, doze passos
Os doze passos aqui listados acham-se consistentemente
presentes em 80% das 500 culturas que Morris estudou.
Estágio 1: Não tocar
Passo 1: Olhar para o corpo. O primeiro olhar
não é sexual, mas de descoberta. No primeiro relance se
percebem dimensões, forma, cor, idade e personalidade. Imediatamente
se inicia um processo inconsciente de avaliação, classificando
a pessoa numa escala que vai de baixa até alta preferência.
O primeiro olhar determina se o relacionamento há de progredir
ou não.
Passo 2: Olhos nos olhos. Isso freqüentemente
acontece numa biblioteca ou escritório. Quando os olhos se encontram,
ocorre aceleração cardíaca seguida de encabulação,
que causa interrupção e desvio do olhar. O contato direto
dos olhos é reservado para aqueles que conhecemos e nos quais confiamos.
Assim, duas pessoas que se vêem pela primeira vez usualmente se
fitarão alternadamente em vez de simultaneamente. A menos que os
olhos indiquem uma mensagem de interesse, o relacionamento provavelmente
não terá continuidade.
Passo 3: Voz a voz. Para começar a
conversa, mencionam-se os nomes de um e de outro, onde moram, como ganham
a vida, o clima, etc. Um diálogo tal, contudo, permite mais observação
e análise. Se os dois continuam conversando, podem realmente chegar
a se conhecer, incluindo suas opiniões, passatempos, idéias,
gostos e desgostos, esperanças e sonhos quanto ao futuro. A compatibilidade
pode ser determinada aqui. Os envolvidos deveriam gastar muitas horas
no passo 3. Eu recomendo mil horas falando ao telefone, enquanto adquirem
conhecimento do que será crítico para seu relacionamento
e possível casamento mais tarde. Cada um está explorando
seu íntimo e tornando-se vulnerável, uma tarefa importante
quando a intimidade está se desenvolvendo. Esse passo não
pode e não deve ser ignorado. O relacionamento necessita de abrandamento
antes da fase lírica começar. Depois que a afeição
romântica tem início, o par se relacionará de modo
diferente.
Estágio 2: O primeiro toque
Durante o segundo estágio de ajustamento, o
par de namorados gasta muito tempo falando, mas o contato visual permanece
limitado. O toque começa mas nada dele é diretamente sexual.
Um abraço prolongado e um beijo na boca apressam o processo de
ajustamento, e despertam respostas sexuais antes do tempo.
Passo 4: Mão na mão. O primeiro
toque pode ser inocente — um aperto de mão ou um contato manual
enquanto o rapaz ajuda a moça a cruzar a porta. Se ela recusa o
toque, isso é indicativo de que não está pronta a
prosseguir. Mas se o toque é recebido calidamente, a relação
pode progredir para o segurar das mãos. Esse ato é evidência
de uma ligação crescente entre ambos. O primeiro toque é
também uma afirmação social que diz: “Tenho
alguém que gosta de estar comigo”.
Passo 5: Braço no ombro. Logo a emoção
de segurar as mãos diminui, e o alcance de um novo patamar é
necessário para mostrar interesse contínuo. Durante essa
etapa, os corpos não estão muito próximos, mas o
braço no ombro aproxima-os num contato mais íntimo e a emoção
retorna. O abraço no ombro fala mais alto do que o segurar das
mãos. É um gesto de propriedade que declara: “Essa
relação vai dar resultado.” Há, por enquanto,
um contato limitado ao olhar e à conversação, seguido
de um aproximar de corpos.
Passo 6: Braço na cintura. A excitação
de segurar as mãos e de pôr o braço no ombro logo
se desvanece. Assim, para recuperar a excitação, o casal
permite que o braço siga para a cintura, o que indica a maior propriedade
do corpo. O braço em volta da cintura indica claramente interesse
romântico. Notem também que as mãos estão avançando
e ficando cada vez mais próximas dos órgãos genitais.
Você pode observar um casal andando na rua, ambos usando
jeans, na posição do passo 6. Às
vezes, um ou outro desliza o polegar para dentro do bolso de trás
do companheiro, com a mão pousando diretamente sobre seu traseiro.
O moço sabe exatamente onde sua mão está e pode estar
nutrindo pensamentos que lhe são interessantes: “Se eu posso
tocá-la fora da roupa, pergunto-me se não poderia fazer
isso dentro da roupa.”
O casal pode ser visto freqüentemente, a essa
altura do processo de ajustamento, num campus escolar ou num parque. Seus
corpos estão próximos, mas eles parecem estar olhando para
baixo, falando com os pés. Níveis profundos de comunicação
se desenvolvem nesse passo. São feitas revelações
pessoais. As questões básicas da vida são discutidas
e avaliadas. Muitos segredos pessoais são partilhados e os namorados
chegam a se conhecer bem em profundo nível pessoal.
Valores, alvos e crenças precisam ser escrutinados
bem de perto, porque é agora que as decisões do relacionamento
devem ser feitas — se ele deve ou não progredir. Suficientes
revelações pessoais foram partilhadas de modo que a compatibilidade
pode ser avaliada. Se dúvidas ou questões sérias
existem, agora é o momento de dizer adeus. Avançar para
o passo 7, ou além dele, e depois separar-se, pode deixar cicatrizes
profundas e penosas, porque o ajustamento está muito bem conformado.
Estágio 3: Contato íntimo
Nesse estágio, o casal se vê confronta.
Embora não ocorra contato sexual direto, a mudança nas posições
dos corpos colocam o sexo numa agenda oculta, da qual ambos estão
muito conscientes. Qualquer contato genital precipitaria uma intimidade
sexual que poderia prejudicar a formação de um ajustamento
sadio, introduzir uma corrente de desconfiança e perseguir mais
tarde o par caso venham a contrair núpcias. A comunicação
é diferente. Até agora eles estiveram desenvolvendo sua
capacidade de comunicação. A essa altura, as trocas verbais
são suspensas e o contato dos olhos e expressões não-verbais
entram em cena.
Passo 7: Face a face. À medida que
o casal está em comunicação assim direta, eles cruzam
uma barreira importante. Cada um deles deve pensar cuidadosamente se pára
nesse ponto ou prossegue. Três tipos de contato ocorrem nessa altura:
abraços, beijos profundos e prolongados, contato visual. O contato
corporal próximo nessa posição frontal, combinado
com o beijo na boca, provoca um forte despertamento sexual, particularmente
quando repetido ou prolongado. Se o casal tomou tempo para falar sobre
questões importantes, a comunicação profunda pode
ser feita com poucas palavras. O contato visual torna-se longo e pronunciado.
Comunicação verbal tende a silenciar enquanto o par lê
a face um do outro. Um casal solteiro precisa cuidar com sua exibição
de afeto físico de agora em diante, porque todos os motores sexuais
estão em seu giro máximo.
Passo 8: Mão na cabeça. Nesse
passo, a mão de um é usada para acariciar a cabeça
do outro, enquanto se beijam ou falam. Esse gesto íntimo está
reservado para aqueles que desenvolveram um alto nível de confiança.
Poucas pessoas envolvem-se no afago de cabeça, a menos que se amem
ou sejam membros da família. Tal ato, por conseguinte, denota proximidade
emotiva, um profundo elo de amizade, amor e carinho. Os namorados que
desejam proteger a santidade da ligação que se formou, deviam
considerar as conseqüências de prosseguir até o passo
9. Depois de terem sido examinados todos os outros fatores de compatibilidade,
deviam pensar sobre casamento ou cessar o processo de ligação.
Em outras palavras, o casal devia parar de se ver, a menos que estejam
planejando o casamento para breve.
Passo 9: Mão no corpo. Agora as mãos
exploram o corpo do parceiro. Acariciar o seio torna-se importante para
o homem. No estágio preliminar do passo 9, as mãos ficam
fora da roupa, mais tarde, elas se moverão para dentro da roupa,
mas acima da cintura. O passo 9 é perigosamente progressivo e inclui
o friccionamento das costas e outros tipos de carícia. Toda vez
que o casal solteiro atinge o passo 9, pode ter dificuldade de parar nesse
ponto. É geralmente aí que a mulher reconhece que deve pôr
um ponto final no processo, ou será demasiado tarde. Esse é
o ponto sem retorno.
Estágio 4: Uma só carne
A intimidade final somente é apropriada no contexto
da relação matrimonial.
Passo 10: Lábios nos seios. O passo
10 requer que o seio feminino seja exposto e isso exige privacidade total.
O casal não só está interessado em prazer e despertamento,
mas pretende completar o ato sexual.
Passo 11: Mão no órgão genital.
As mãos descem abaixo da cintura. O despertamento sexual está
bem encaminhado para o último e mais íntimo estágio
de carícias: o órgão genital. O dicionário
define virgem como “a pessoa de um ou outro sexo que se mantém
em estado de castidade”. Essa explicação mostra que
a pureza se perde quando casais solteiros atingem esse ponto. Tocar os
órgãos genitais de um parceiro não poderia ser considerado
ato casto, puro ou virtuoso em qualquer cultura. Tecnicamente é
apenas um instante ou dois antes do intercurso sexual.
Passo 12: Genital em genital. O processo de
ajustamento do casal atinge seu mais alto nível de desejo sexual,
e se completa com penetração e cópula. Assim se estabelece
um liame ao progredir o relacionamento através desses 12 passos.
Mas o alvo deveria ser mais do que prazer sexual. O propósito da
ligação é desenvolver um vínculo mais forte
e indissolúvel de compromisso e confiança entre marido e
mulher.
Os resultados de apressar ou saltar passos
Quando o processo de ajustamento dos 12 passos é
antecipado, diversas coisas prejudiciais podem ocorrer:
- Quando são omitidos ou apressados os passos, a ligação se enfraquece e tende a romper-se ou deformar-se. Isso acontece porque o par não tomou tempo para conversar sobre questões importantes — valores, alvos e crenças — , antes de se envolverem fisicamente. Uma vez que os motores sexuais são ligados, as pessoas esquecem outros aspectos de formação do relacionamento. É mais fácil e mais rápido chegar a conhecer-se física do que emotiva, social e espiritualmente. É isso que provavelmente mais contribua para o aumento de divórcios.
- Depois que um casal se separa, a tendência é de acelerar os passos com o parceiro seguinte. Todo nível de excitação é tão compensador que se torna quase impossível ficar satisfeito com níveis inferiores. A conseqüência da liberdade sexual inibida a longo prazo é a dificuldade de ajuste a um parceiro depois de múltiplas experiências.
- Uma pessoa experimentada sexualmente tende a se apressar e seduzir o novo parceiro ao intercurso. Quem se acostuma a seguir através dos 12 passos de despertamento sexual sem parar, achará difícil moderar o processo ou parar nos passos 7, 8 ou 9.
Agora que os 12 passos foram esboçados, podemos
determinar melhor o que é apropriado para cada nível do
namoro. Seus valores devem estar compromissados com Deus, juntamente com
tudo aquilo que você valoriza e que dita suas escolhas. Ao você
delinear suas intenções, lembre-se que toda pessoa que atravessa
o limite dos passos 6 e 7, arrisca-se ao trauma que se segue a um divórcio,
devido à intensidade da ligação. Os passos 9 a 12
não têm lugar num relacionamento adequado antes da cerimônia
de casamento.
Um convite à pureza sexual
O plano de Deus para nossas vidas é perfeito
e nunca mudou. Intimidade sexual para pessoas casadas é o desígnio
especial de Deus para procriação e prazer do homem e da
mulher. Esse é o único estilo de vida que proporciona felicidade
completa. Aos olhos do mundo, a escolha de permanecer puro sexualmente
antes do casamento pode não parecer realista, mas os fatos que
apóiam tal escolha são-lhe favoráveis. Sua sexualidade
pode ser considerada um valioso presente de Deus. “Para seu maior
prazer, não o abra antes de casar-se.”
Nancy L. Van Pelt é especialista em vida familiar
e apresentadora de seminários que escreveu mais de 20 livros e
muitos artigos sobre relacionamentos. Seu e-mail: vanpelt5@juno.com Seu
site: heartnhome.com.
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