G1 - 06.03.11
A Copa do mundo vai movimentar vários setores da economia e gerar oportunidades para pequenas empresas e, para isso, os preparativos já começaram. Nos próximos anos o país vai se tornar um grande canteiro de obras para sediar o evento esportivo, em 2014. Até lá, toda infra-estrutura para o grande evento deverá estar pronta. Trabalho prá muita gente: quase quatro milhões de empregos.
Os preparativos para a Copa deverão movimentar de R$ 30 bilhões, segundo o Sebrae. Enquanto nossos craques se preparam para enfrentar adversários do mundo todo, o programa prevê a construção de estádios, hotéis, restaurantes e apoio logístico para receber milhares de turistas.
Um estudo encomendado pelo Sebrae mostra os benefícios do evento para a economia brasileira. Quase 8 mil micro e pequenas empresas devem fechar algum negócio gerado pela Copa. As possibilidades são mais fortes em nove setores de construção civil, tecnologia da informação, turismo, produção, agronegócio, madeira e móveis, têxtil e confecção, comércio varejista e serviços.
Segundo o estudo, as pequenas empresas deverão ficar com 15% do dinheiro investido na Copa. A estão sendo mapeadas as possibilidades de cada setor, como explica o novo presidente do Sebrae, Luiz Barreto.
“O Sebrae tem um papel na preparação, na capacitação, no conjunto de informações e em linhas de financiamento que vão ajudar as pequenas empresas a usufruírem dessas oportunidades”, diz Barreto.
Seminários
O Sebrae vai promover seminários empresariais em cada uma das 12 cidades-sede da Copa: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto alegre, Recife e Salvador.
O objetivo é melhorar o nível de gestão das pequenas empresas, através de projetos de consultoria, inovação e acesso a mercados. Para isso o Sebrae vai investir R$ 48 milhões.
“Não basta ter oportunidade. Elas têm que se inserir com qualidade, há pré-requisitos importantes para poder fornecer ao governo estadual, ao governo federal, que estão realizando essas obras. Poder entrar nessa dinâmica competitiva precisa ter pré-requisitos”, diz.
Obras
Faltam três anos ainda para a realização da copa no Brasil e nenhum estádio está pronto para sediar o mundial. Em cinco cidades as obras ainda nem começaram. Sedes como São Paulo e Recife construirão estádios novos.
As empreiteiras vencedoras das licitações costumam terceirizar trechos das obras para pequenas empresas. Só no ano da Copa, o país espera receber 8 milhões de visitantes, sendo 600 mil apenas no mês do mundial. O número de brasileiros que deve viajar pelo país durante o evento esportivo deve chegar a 3 milhões. E por isso, outra fonte de negócios é a ampliação da infra-estrutura para a copa.
Setor hoteleiro
Só o setor hoteleiro pretende investir R$ 2,5 bilhões na construção de 92 estabelecimentos. Um programa vai qualificar 1,3 mil hotéis e pousadas para 2014.
É neste ramo que o empresário Francisco Castro Júnior deseja entrar. Ele é dono de uma pequena construtora em Brasília.
“Nós pretendemos atuar tanto no ramo de hotelaria, como reformas de restaurantes. A parte de acessibilidade, de automação nos hotéis e restaurante e ampliação destas lojas”, diz Castro Júnior.
A empresa tem 18 anos de mercado e no momento se dedica a construir casas populares. O empresário estima que a Copa do Mundo vai aumentar o faturamento dele em 50%.
Mão de obra qualificada
Um problema que dificulta o crescimento das construtoras é a falta de mão de obra qualificada. O Sebrae, o Senai e as empresas do setor fizeram uma parcela para capacitar os funcionários. Agora os operários dividem o dia entre o trabalho e a escola.
O pedreiro Edimar Souza Santos é um dos alunos. No curso, ele faz uma reciclagem. “Lá eles ensinam bater esquadro, bater nível, fazer o prumo, assentar tijolo”, diz Santos. A construtora também ganha. Operários capacitados não dão prejuízo.
“Evito o desperdício de material, agiliza a obra, você ganha em tempo (...). Ajuda bastante a qualificação, né?”, diz Castro Júnior.
Enquanto os jogadores disputavam a copa da África, uma pesquisa foi feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para analisar o comportamento dos turistas. Em média, cada visitante ficou 16 dias no país e gastou R$ 11 mil, fora o dinheiro das passagens. Além do futebol, o segmento de turismo de aventura atraiu 30% dos entrevistados e 70% deles avaliaram o Brasil como um bom destino para passar as férias.
O Sebrae vai desenvolver ações para que os estrangeiros conheçam atrativos de várias cidades durante a Copa de 2014, para que as comemorações não fiquem só dentro de campo.
“Nós vamos dialogar com as prefeituras, com os governos estaduais, com as entidades empresariais, para que a gente possa fazer parcerias e ter um foco muito importante nesse tema. Eu tenho certeza que os pequenos negócios ganharão muito com a Copa do Mundo. Vão gerar muitos empregos, muitas oportunidades, e consolidarão muitas empresas também”, diz o presidente do Sebrae.
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