Racismo, Xenofobia e Chauvinismo


Introdução

Este trabalho foi elaborado no âmbito da disciplina de filosofia e tem como temas o racismo, a xenofobia e o chauvinismo.

A realização deste trabalho visa estimular os alunos a efectuar uma reflexão filosófica acerca dos diversos temas.

Para melhor expressar o meu ponto de vista sobre esta problemática apoiei-me não só na “relação do “eu” com o outro”, conteúdo leccionado nas aulas de filosofia do 10º ano, mas também na análise da evolução dos termos abordados.

Quanto à pesquisa efectuada para a elaboração do trabalho proposto, centrei-me tanto na actualidade (notícias, reportagens, estudos, teorias…) como em factos da história a nível mundial (Apartheid, luta pela igualdade de direitos por parte de Martin Luther King…).

O racismo, a xenofobia e o chauvinismo são problemáticas extremamente importantes para a sociedade actual visto que a afluência tanto de imigrantes como de turistas, factores de influência positiva à economia, tem tendência a aumentar.

É, portanto, de suma importância discutir o tema com vista a minimizar o problema das atitudes racistas, xenófobas e chauvinistas.

Análise etimológica dos termos

A etimologia é a parte da gramática que trata da história ou origem das palavras e explica o seu significado através da análise dos elementos que as constituem.

É, assim, o estudo da composição dos vocábulos e das regras da sua evolução na história.

Façamos, pois, a análise etimológica dos termos:

Racismo:

A palavra racismo tem origem na junção de dois termos: raça e “ismo”, sendo raça a palavra mãe.

Racismo = Raça + “ismo”

Para percebermos o significado da palavra racismo temos de entender o que significa realmente a palavra raça.

Raça é o grupo de indivíduos pertencentes a um tronco comum e que apresentam particularidades análogas entre os membros da mesma espécie.

A palavra raça teve origem no latim, de ratio, que significa espécie.

Assim, racismo, não é mais do que uma teoria que afirma a superioridade da raça X ou Y em relação às outras raças. Nesta teoria assenta a defesa do direito de dominar ou mesmo reprimir as raças consideradas inferiores.

O racismo é, pois, uma atitude preconceituosa e discriminatória contra indivíduos de certas raças ou etnias.

Xenofobia:

A palavra xenofobia, tal como a palavra racismo, advém da junção de dois termos: xeno e fobia.

A palavra xeno esta relacionada com a formação de palavras que exprime a ideia de estrangeiro ou estranho.

Fobia é o medo patológico, aversão impossível de conter.

Xenofobia = Xeno + Fobia

Assim, podemos entender a xenofobia como a antipatia ou aversão pelas pessoas ou coisas estrangeiras. Esta pode ser característica de um nacionalismo excessivo. Xenofobia é também um distúrbio psiquiátrico ao medo excessivo e descontrolado ao desconhecido ou diferente.

Xenofobia é um termo também usado num sentido amplo (amplamente usado mas muito debatido) referindo-se a qualquer forma de preconceito, racial, de grupos minoritários ou cultural.

Chauvinismo:

O termo chauvinismo teve origem em França, devido a Nicolas Chauvin, um soldado de Napoleão que se tornou um patriota fanático.

O chauvinismo é isso mesmo, um patriotismo exagerado, um amor exaltado à pátria, um sentimento de nacionalismo exacerbado.

Racismo e xenofobia: aspectos históricos

O racismo surgiu com o próprio surgimento do Homem, a intolerância é algo que desde sempre caracterizou a nossa espécie, assim, longo da história, muitas foram as manifestações de atitudes racistas e xenófobas.

O racismo foi utilizado pelos ricos para manter os trabalhadores divididos para que estes não se unissem e derrubassem o capitalismo.

Segundo esta teoria, o racismo verificou-se com o sistema europeu de classes em que as pessoas apenas tinham peles pigmentadas se trabalhassem no exterior. Os ricos consideravam o trabalho manual o dever dos inferiores e por conseguinte viam qualquer um com as características de trabalhador como pertencendo a um estrato inferior.

Também os gregos fizeram referência ao racismo através de Aristóteles que afirmava: “uma parte dos homens nasceu forte e resistente, destinada expressamente pela natureza para o trabalho duro e forçado. A outra parte – os senhores, nasceu fisicamente débil; contudo, possuidora de dotes artísticos, capacitada e assim para fazer grandes progressos nas ciências filosóficas e outras”

O historiador Heródoto dizia que os gregos consideravam bárbaros os outros povos. Ideologia adoptada por romanos posteriormente.

Em 1510, John Major, um dominicano escocês, declara: “A própria ordem da natureza explica o facto de que alguns homens sejam livres e outros escravos. Esta distinção deveria existir no interesse mesmo daqueles que estão destinados originalmente a comandar ou a obedecer”.

Em 1520, o teólogo Paracelso afirma que os ameríndios não descendem de Adão e Eva.

Em 1772, o Reverendo Thomas Thompson publica a monografia “O comércio dos Escravos Negros na Costa da África de acordo com os Princípios Humanos e com as leis Religiosas Reveladas” onde tenta provar a inferioridade dos africanos.

Em 1852, o Reverendo J. Priest reforça a ideia e publica o trabalho “A Bíblia defende a Escravidão”. Por fim em 1900 Carrol, também protestante expõe a sua obra “Provas Bíblicas e Científicas de que o negro não é membro da Raça Humana”.

A ciência também contribuiu para a ideologia do racismo – em 1758 o botânico sueco Carolus Linaeus cria o sistema de classificação dos seres vivos onde cria o termo técnico – Homo Sapiens – dividindo assim os povos:

® Os vermelhos americanos: despreocupados e livres;

® Os amarelos asiáticos: severos e ambiciosos;

® Os negros africanos: ardilosos e irreflectidos;

® Os brancos europeus: activos, inteligentes e engenhosos.

Na Alemanha, o regime Nazi, liderado por Hitler, defendia a superioridade da raça germânica.

Este regime, bem como o caso da Indonésia relativamente a Timor, ou o caso da gera étnica entre os Hutus e os Tutsis, no Ruanda, fez milhares de mortos.

Também os descobrimentos portugueses deixaram a sua marca nos aspectos históricos acerca do racismo, pois com a descoberta do Brasil, na altura designado por Terra de Vera Cruz, foi necessário arranjar mão-de-obra que ajudasse a construir a nova colónia e, para isso, os Portugueses “exportaram” populações negras de África para o Brasil, dando inicio ao flagelo da escravatura, visto que muitos povos seguiram o nosso exemplo.

Um outro exemplo histórico acerca do racismo e xenofobia é o Apartheid (vida separada), regime político implantado na África do Sul em 1948.

Segundo este regime, apenas os brancos detinham o poder, os povos restantes eram obrigados a viver separadamente, de acordo com regras que os impediam de ser verdadeiros cidadãos.

Nos Estados Unidos, por volta dos anos 50, havia grande discriminação racial. Martin Luther King, mais tarde eleito Nobel da Paz, ficou célebre pelo seu discurso intitulado “Eu tenho um sonho”, que defendia os direitos iguais para todos, isto é, o fim da discriminação racial.

Racismo e xenofobia na sociedade actual

“Nós encontramo-nos hoje numa importante encruzilhada, face àquilo que talvez seja a mais dura batalha alguma vez travada. As crenças fundamentalistas, de todo o tipo, invadiram o mundo…

O racismo é uma invenção humana, relativamente moderna e que, julgo eu, não é inevitável.”

Professora Patrícia Williams, conferencista – 1997

No decorrer do tempo, quer devido à imposição de determinadas regras pela sociedade, quer pela mudança de mentalidades, as manifestações de atitudes racistas mudaram, isto é, já não se dão a conhecer da mesma forma que no passado.

Hoje em dia é inadmissível pensar sequer em dividir uma sociedade e classificar os brancos como cidadãos e os outros assim mesmo, como “outros”.

Actualmente, as atitudes racistas e/ou xenófobas não são tão assumidas como no passado, ou pelo menos, não a maioria. As punições impostas pela lei a quem age de modo xenófobo ou racista impedem que haja actos de maior gravidade para com as raças discriminadas. Ainda assim, atitudes racistas de menor amplitude (como por exemplo um branco dirigir-se a um negro: “Vai para a tua terra!”) prevalecem.

O racismo e a xenofobia, muitas vezes, são filhos da ignorância, isto é, surgem como falta de conhecimento e preconceito. Neste momento, estando nós no século XXI, ainda há pessoas que julgam que os imigrantes e os turistas vêm para o nosso país para “roubar” empregos e esgotar os produtos do supermercado quando, na realidade, estes são um importante factor para o desenvolvimento económico de Portugal.

É ainda importante salientar que as pessoas, levadas por ideias criadas num leque de emoções e insuficiente em factos, generalizam o conceito de imigrante ou de turista, elucidando melhor a minha ideia com um exemplo, digamos que, apenas porque um pequeno grupo de turistas fez estragos, já todos são vândalos, ou então, apenas porque se ouviu no noticiário que um ucraniano assaltou uma loja, já todos são criminosos procurados. É, portanto, a regra do “por causa de uns, pagam os outros”.

Assim, embora já se tenham feito progressos em relação às atitudes racistas e xenófobas, há ainda um longo caminho para palmilhar. Ainda é necessário extinguir diversas atitudes que são fruto de ideias mal esclarecidas e de preconceitos sociais sem quaisquer fundamentos. É necessário uma renovação de mentalidades e uma revisão nos padrões sociais que muitas vezes marginalizam e põem de lado certas pessoas tendo em conta o seu aspecto exterior e excluindo completamente a sua forma de ser, isto é a maneira como essa pessoa pensa e age.

É, portanto, urgente que cada um de nós reflicta de modo a que se extinga o racismo e a xenofobia, como disse Mário Soares, “o racismo começa quando a diferença, real ou imaginária, é usada para justificar uma agressão. Uma agressão que assenta na incapacidade para compreender o outro, para aceitar as diferenças e para se empenhar no diálogo.”.

Conclusão

A elaboração deste trabalho permitiu alargar os meus horizontes no que diz respeito às atitudes racistas, xenófobas e chauvinistas. Com a pesquisa efectuada adquiri diversos conhecimentos, tanto acerca da evolução histórica do racismo e xenofobia como nas dimensões dos mesmos na sociedade actual.

Após ter feito a analise etimológica dos termos, concluí que o racismo advém da palavra raça e que, filosoficamente, provém de uma relação conflituosa do “eu” com o “outro”.

A teoria racista defende a superioridade de uma raça, sendo que os povos mais discriminados são os negros e os de religião muçulmana.

Embora se tenham feito diversas tentativas para provar a existência de uma raça superior, todas elas falharam pois a biologia só reconhece a existência de uma raça: a raça humana.

A xenofobia, por sua vez, é o medo patológico ou aversão impossível de conter em relação a coisas e pessoas vindas do estrangeiro.

O termo “chauvinismo” tem a sua origem num soldado de Napoleão que, durante as guerras pela França, se tornou um patriota fanático. Assim, o chauvinismo diz respeito a um nacionalismo exacerbado.

Todas estas atitudes conflituosas do “eu” perante o “outro” têm repercussões não só na sociedade em geral, mas sobretudo nas crianças; essas que ainda não têm uma personalidade formada e ainda absorvem, como a esponja absorve a água, tudo o que vem do exterior, isto é, as crianças não conseguem fazer uma selecção rigorosa do que é um bom comportamento e do que é um mau comportamento, do que é bem e do que é mal. Assim, estas adoptam um modelo e seguem-no à risca, ora, se esse modelo a seguir tem atitudes racistas, xenófobas e/ou chauvinistas, de certo que a criança o seguirá, agindo, mais tarde, da mesma maneira que o seu modelo agiu.


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